quarta-feira, 19 de novembro de 2008

5.1 CARACTERÍSTICAS AUTOPOIÉTICAS DA AVICENNIA


Segundo ( ) a Avicennia schaueriana trata-se de uma planta da família das acanthaceas . Típica dos manguezais e mais conhecida pelo nome de Siriúba. Aparece em todo o mundo, mais especificamente ao longo do litoral brasileiro, da região Sudeste até à região Sul do Brasil, incluindo o Estado e a cidade do Rio de Janeiro.
As raízes desta planta crescem sobre o solo, facilitando seu processo de respiração, possuindo ainda, certos grúmulos de onde é expelido o excesso de sal da água do mar. Ademais, como todas as plantas, possui características autopoiéticas notáveis que a torna possível ser tratada como perfeito referencial ao conceito de sustentabilidade, uma vez que, o relacionamento entre planta e meio ocorre de maneira harmônica, sem gerar nenhum dano.
Dentre as características citamos o fato de:
a) Está fechada organizacionalmente ao seu meio, onde planta e meio se constituem em um único sistema, um ecossistema (Mangue);
b) Reciclar os dejetos
Apesar de captar nutrientes do meio que a circunda, nenhum destes são transformados em lixo, resíduo. De tal modo que, os dejetos da Avicennia são aproveitados pelo ecossistema, onde impera o princípio da reciclagem. Por exemplo, as folhas da árvore que caem ao solo são decompostas e utilizadas como alimento por outros seres, decompostas em nutrientes, enriquecendo o solo. Tais nutrientes, posteriormente são reaproveitados pela própria Avicennia e por outras árvores do ecossistema. Poderíamos citar ainda como exemplo, o oxigênio emitido pela Avicennia, que é utilizado pelos animais; De outro modo, as emissões de gás carbônico emitidas pelos animais e pela decomposição de materiais orgânicos são utilizados pela Avicennia em seus processos de fotossíntese, onde o carbono oriundo dos processos de fotossíntese processados pela Avicennia possuem como fonte, a energia solar, que por sua vez, estas quantidades de carbono serão transformados e alojados no caule da planta como reserva de energia solar.
c) Recompor componentes desgastados

Sendo assim, por meio do processo de fotossíntese e reciclagem, a Avicennia recompõe o próprio ambiente, ou seja, o ecossistema ao qual pertence.
Ademais, pelo princípio da reciclagem e das relações recorrentes entre meio e planta, esta especifica os próprios limites, ou seja, o único produto que gera é sua estabilidade, sua permanência no tempo e no espaço. Portanto, enquanto em seu acontecer, a Avicennia se ocupa, unicamente em criar as próprias condições de sua própria sobrevivência, ela recria seu ecossistema numa relação harmoniosa, de parceria e cooperação. Isto é Auto-criação, auto-produção, autopoiese, senão sustentabilidade.
Logo, de acordo com o exposto acima, a relação da Avicennia com seu ambiente pode ser vista como autopoiética, auto-sustentável. E não apenas isto, podemos visualizar a Avicennia como um modelo perfeito de sustentabilidade.
Tais processos observados na natureza são processos circulares em rede e são autoprodutores, não há ai o fenômeno competição e tampouco o desperdício. A competição pode neste caso ser encarada como uma singularidade num processo maior de cooperação. E é por meio destes que um ecossistema, qualquer ecossistema mantem sua estabilidade, sua autocriação sem recorrer ao meio. Ou seja, a Avicennia ao demandar materiais e energia de seu meio, não elimina dejetos ou resíduos. A avicennia é auto-sustentável por meio da flexibilidade, da diversidade e da parceria entre seus componentes, e ainda, pela constante reciclagem de materiais e energia numa intricada teia de relações não-lineares.
As relações entre o ecossistema e a Avicennia, desta forma se estrutura no formato de rede, onde um componente determina o todo que, por sua vez, é determinado pelo todo. Enfim, cada componente é resultado e causa ao mesmo tempo, cada componente é produto e produtor ao mesmo tempo. Nestes termos a configuração de um ecossistema pode ser vista como autopoiética.
Os sistemas sociais, de outro modo são vistos como alopoiéticos, pois necessitam constantemente recorrer ao meio para manter seu padrão de organização. De tal forma que para obter a sustentabilidade o desafio que se propõe é dotar os sistemas sociais, empresas, setores, dentre outros de uma configuração similar à da Avicennia, portanto, sustentável, senão autopoiética.
Ao olharmos para a vida, mais detidamente para a Avicennia e para seu modo de se relacionar com o meio, ou seja, para o seu padrão de organização, poderíamos tirar lições, desenhos, figurinos e princípios importantes e aplicá-los à nossa sociedade, aos nossos sistemas econômicos, tramando assim para o reencantamento da episteme, das ciências, do cientista e do mundo. Portanto, é nossa intenção aqui olhar para a vida e, à partir daí, apresentar algumas destas lições, destes desenhos propostos pela Avicennia aos sistemas sociais.

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