quarta-feira, 19 de novembro de 2008

INTRODUÇÃO

A partir da última metade do século XX se intensificou o debate em torno de questões ecológicas, tendo como hard core das discussões os efeitos entrópicos da atividade econômica sobre o meio-ambiente por meio de exploração de fontes de sintropias positivas e a evidência de uma crise sistêmica. Quer dizer, intensificou os impactos ecológicos decorrentes da atividade industrial, do processamento de recursos naturais. Esse debate interessou a vários segmentos, desde organismos internacionais como a ONU (Organização das Nações Unidas), por meio de programas de Formação Ambiental e Educação Ambiental, bem como gerando preocupações crescentes em intelectuais de várias áreas, sobretudo relacionados à Física, à Biologia e à Economia.
A teoria econômica keynesiana atesta que os incrementos nos níveis de investimentos são indispensáveis para o aumento de bem-estar social. A aplicação desta teoria através da política econômica, monetária ou fiscal, fora intensificada em várias partes do mundo a partir da década de 1930, mais intensamente a partir de 1945. Entretanto, tais políticas, com o intuito de gerar crescimento econômico, têm sido realizadas de forma insustentável, se caracterizando por intensificar impactos ecológicos ou a desordem fora do sistema econômico, por meio de estímulos à demanda agregada, gerando utilização intensa de recursos naturais e emissão de externalidades negativas, ou seja, ignorando os custos sociais e ambientais deste bem-estar.
Mediante crescente desigualdade social e crise ecológica, bem como suas implicações, economistas e formuladores de políticas não conseguem obter respostas, tampouco solucionar ou equacionar tais problemas, por meio de suas teorias. Sendo assim, devido à relevância em que se reveste o problema, a temática deste trabalho situa-se no âmbito da Economia e Complexidade. Temos como objetivo geral apresentar a Avicennia como um modelo perfeitamente sustentável aos sistemas sociais, no caso aqui, às economias nacionais. Nosso objetivo maior, portanto, é apresentar à partir da Teoria da Autopoiese e da Avicennia um modelo perfeitamente sustentável às economia nacionais, de tal forma que seu acontecer ocorra gerando o mínimo dano sobre o meio. Para isto torna-se necessário:
a) Analisar a Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda; b) Analisar a Teoria Geral dos Sistemas Vivos (TGSV) e a teoria das Estruturas Dissipativas; c) Apresentar, mediante a Teoria das Estruturas Dissipativas impactos ecológicos intensificados pela aplicação do modelo de crescimento econômico keynesiano; d) Apresentar a Teoria da Autopoiese; e) Apresentar a Avicennia e f) Apresentar à partir dos princípios da Avicennia um modelo de sustentabilidade perfeita às economias nacionais.
O trabalho fora elaborado mediante a hipótese de que à partir da teoria da Autopoiese (a teoria que explica a vida) e da avicennia, mais especificamente por meio dos conceitos de laços retroalimentadores, redes, parceria, reciclagem, estabilidade, dentre outros possa se inferir um conceito ideal de sustentabilidade aos sistemas econômicos.
Ao notar que as interações entre sistema capitalista e Sistema de Gaia ocorrem em forma de rede, onde um impacto tende a se espalhar no meio de forma ampliada, a metodologia eleita consiste na revisão teórica de autores ligados à teoria geral dos sistemas vivos como Fritjof Capra, Ylia Prigogine, Humberto Maturana e Francisco Varela, bem como a obra "A Teoria Geral do Emprego do Juro e da Moeda" do economista John Maynard Keynes.
O trabalho fora organizado em duas partes. Sendo que o objetivo da primeira é apresentar mediante a Teoria das Estruturas Dissipativas como as políticas de caráter keynesianas eleva a utilização e a deterioração dos recursos naturais e intensifica os impactos ecológicos em todo Sistema de Gaia. Portanto, esta parte fora subdividida em três capítulos, onde no primeiro, busca-se apresentar com base na obra "A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda"; do economista John Maynard Keynes, a fundamentação teórica ao comportamento interventor do Estado, por meio de políticas econômicas expansionistas como possuidor de importância fundamental para elevar os níveis de investimentos, emprego e crescimento econômico, deslocando a economia em direção ao pleno emprego dos fatores de produção.
No segundo capítulo, serão apresentadas as evoluções no campo da Biologia, a partir da década de 1920, que culminaram com a elaboração da Teoria das Estruturas Dissipativas como própria para descrever sistemas abertos e afastados do equilíbrio. Apresenta, ainda, características das economias capitalistas que as torna possíveis de serem tratadas pela referida teoria, por se tratar de um sistema dinâmico, aberto a fluxos de matéria e energia.
No terceiro capítulo, caracterizamos, mediante a teoria das estruturas dissipativas, a aplicação das políticas econômicas de inspiração keynesiana como intensificadoras dos impactos ecológicos. Apresentamos mudanças estruturais ocorridas no meio em função das mudanças estruturais no sistema econômico, que, por sua vez, apresentam efeitos no sistema econômico decorrentes destas mudanças no meio-ambiente, tais como inflação de custos e aumento da demanda por bens públicos.
Já a segunda parte tem como objetivo aplicar os princípios da vida, ou seja, da Teoria da Autopoiese, mais especificamente da Avicennia às políticas de caráter keynesianas. Portanto, no primeiro capítulo será apresentada a Teoria da Autopoiese enquanto modelo capaz e suficiente para entender o conceito de sustentabilidade, e ainda, como modelo que define a vida tal como tratado por Maturana e Garcia (1997). Neste mesmo capítulo apresentamos características autopoiéticas da Avicennia que a representa como um modelo perfeito de sustentabilidade.
E finalmente, no segundo e último capitulo tento migrar para os sistemas econômicos os princípios da Avicennia como alternativa ao fechamento dos fluxos de materiais e energia, garantindo assim a capacidade de auto-organização do Sistema de Gaia.

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