quarta-feira, 19 de novembro de 2008

6 DESIGN DA AVICENNIA PARA AS ECONOMIAS NACIONAIS

Considerando o sistema capitalista como uma máquina de dinâmica não-autopoiética, o capítulo tem como objetivo aplicar alguns princípios e características autopoiéticas da Avicennia ao sistema capitalista, bem como apresentar um conceito ideal de sustentabilidade.
Uma economia keynesiana pode ser tratada como uma rede, onde famílias, governo, empresas e resto do mundo estão interrelacionados de tal forma que, um componente produz outro, porém não como uma rede autopoiética, mas na forma de um sistema alopoiético onde:
a) os componentes estão interrelacionados em rede;
b) a manutenção desta rede ocorre em função do meio, quer dizer, os níveis de consumo, gastos do governo, produção e exportação ocorrem em função da utilização de recursos naturais;
c) o objetivo da rede é a geração do lucro, senão da valorização constante do capital, portanto trata-se de uma máquina de dinâmica não autopoiética que gera um produto que não é ela mesma, quer dizer seus limites são especificados pelo homem;
d) os componentes estão ligados por laços retroalimentadores;
e) não é homeostática, o que vale dizer que o sistema não contorna suas deformações, mas o caráter maximizante do crescimento econômico enquanto meio de se alcançar o bem-estar tende a estrangular o meio. É fluente, onde algumas variáveis são maximizadas tais como, crescimento econômico, consumo, exportações ou investimentos, ou seja, não situa dentro de certos limites, tendendo a extrapolar estes mesmos limites, estrangulando o Sistema de Gaia (stress) e,
f) Apresenta uma característica que o faz radicalmente diferente dos sistemas vivos, a saber, o fato de não reciclar os próprios resíduos.
Considerando que, ao intensificar os processos no sistema capitalista, sejam estes de acumulação, investimento, produção ou consumo, será definida ou determinada uma estrutura deletéria, ou seja, que por sua vez afetará os processos no sistema de Gaia, redefinindo a estrutura deste. As soluções únicas que amenizem tais impactos haverão de ser soluções sustentáveis, que garantam a estabilidade e a capacidade de auto-organização do Sistema de Gaia.
Tais soluções para que sejam tidas como sustentáveis devem alterar os processos, revertendo estes de deletérios para não-deletérios, de baixa entropia e assim redefinindo a estrutura do sistema econômico para que este ao gerar impactos ecológicos sobre o meio, ocorra de forma mínima.
Tais soluções podem ser referenciadas a partir do modelo apontado por Maturana e Varela (1997) denominado autopoiesis, logo pelo comportamento da Avicennia com seu meio. Ao migrar os princípios da Avicennia para as ciências econômicas é obtido um conceito ideal de sustentabilidade ou um conceito de sustentabilidade perfeita. As condições deste conceito são tais que o sistema capitalista deve:

a) Estar fechado organizacionalmente aos fluxos de matéria e energia, isso quer dizer que, o sistema não deve recorrer ao meio, ao sistema de Gaia para manter seu padrão de organização, desta forma o sistema não capta recursos ao sistema de Gaia e não elimina externalidades negativas. Para que tais condições sejam satisfeitas pressupõe que possua características tais como reciclagem, ou seja, no sistema o que é resíduo ou lixo deve ser utilizado por outro. Assim o sistema mantém o fluxo de energia circulando em seu interior sem recorrer ao meio, não captando recursos e tampouco eliminando externalidades negativas;
b) Não há proeminências, isto quer dizer que o crescimento econômico não deve ser visto como essencial a obter a igualdade social;
c) As variáveis macroeconômicas, principalmente a expansão da Renda Agregada (Y) PIB devem permanecer dentro de uma banda de limites que mantenha a capacidade de auto-organização do Sistema de Gaia. Para que tal ocorra, outras variáveis que determinam a expansão econômica, tais como taxa de juros, população, volume de exportação, de consumo, expropriação de renda devem permanecer dentro de uma determinada banda. Extrapolar estes limites significa intensificar os impactos. O objetivo é encontrar parâmetros, pontos ótimos para que as variáveis não estrangulem o sistema de Gaia. Enfim, busca-se um equilíbrio dinâmico, estável, mantendo a sustentabilidade do sistema de Gaia e oportunamente do Sistema Capitalista;
d) A organização ocorre em forma de rede;

Para que tais condições sejam satisfeitas a) As empresas devem estar ligadas em rede, significando que deve haver alto nível de complementaridade entre elas; b) A energia e os resíduos devem circular dentro da economia reduzindo as emissões e emanações; c) As variáveis econômicas devem permanecer dentro de certos limites, busca-se a estabilidade de certos parâmetros (contrária então a tendências maximizantes tais como, maximização do crescimento econômico); d) O que é resíduo, originário ao consumo das famílias ou investimentos deve ser utilizado como insumo pelas empresas; e) Focar na produtividade do fator de produção terra (adoção de tecnologias brandas, energias renováveis, medidas de eficiência energética, agrupamento ecológico entre empresas, redução da utilização de combustíveis fósseis).
Quanto mais intensos os processos do sistema capitalista e quanto maior o nível de captação de recursos ao fator de produção terra, maior o nível de externalidades negativas, ou seja, maior o volume de emissões, mais distante, então do conceito de sustentabilidade ideal preconizado pelos sistemas vivos. Ao contrário, quanto menor a intensidade dos processos no interior do Sistema Capitalista, menor o grau de entropia, mais próximo da idéia de sustentabilidade. Logo, de forma ideal, sustentabilidade seria definida como a capacidade do Sistema Capitalista manter seu padrão de organização sem afetar a capacidade de auto-organização do Sistema de Gaia.
A aplicação dos princípios da ecologia, da vida, às instituições, mercados, indústrias e tecnologias, decorre necessariamente que as empresas devem ser organizadas em rede, reciclando, reutilizando insumos, de forma que aquilo que não serve a uma seja reutilizado por outra, elevar a produtividade dos recursos no âmbito da indústria, evitar desperdício de insumos, ao invés de concorrer mediante aumentos na produtividade do Capital (K) e Trabalho (L), concorrer mediante a produtividade do fator terra. A energia solar em suas várias formas deve ser a principal fonte de energia, aumentar a diversidade dentro da cadeia de empresas que assim concorre, pois daí sua permanência e seu desempenho, a rede fica mais difícil de ser quebrada. Gerar agrupamento ecológico de indústrias, focando mais na produtividade dos recursos.
Para tornar uma economia capitalista com uma configuração similar, correlata a da Avicennia deve-se fechar o sistema aos fluxos de matéria e energia obtendo assim um conceito ideal de sustentabilidade. Para isso deve-se recorrer a produtividade do fator de produção terra, ou reciclagem.


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